terça-feira, 18 de outubro de 2011

Juventude e políticas públicas

Diversidade de temas e interesses, identidades múltiplas. Mas o debate central é o mesmo: reconhecer os jovens enquanto sujeitos de direitos, o que leva o poder público e movimentos sociais a debaterem formulações e políticas específicas
São movimentos em torno da solidariedade, de defesa ambiental, grupos que se orientam pelo lugar social, pelas modalidades esportivas e culturais, sobressaindo o hip-hop como a maior expressão de cultura de rua nesse contexto. Veem-se ainda movimentos em torno da sexualidade, da saúde, da luta por moradia, de portadores de deficiência, de mulheres, bem como associações e cooperativas diversas, organizações não governamentais (ONGs), jovens mobilizados em torno da agricultura familiar e as secretarias de juventude no âmbito dos partidos políticos.
Todos anunciam, para além de suas bandeiras específicas, um debate central: o reconhecimento dos jovens enquanto sujeito de direitos. Um debate, em essência, que incita o poder público, mas também passa a ser tema de interesse acadêmico e de desafio para os referidos movimentos e organizações sociais e, por que não dizer, para as juventudes partidárias.
Ao pensarmos em relação aos últimos dez anos, é possível delimitar a existência mais frequente do debate público sobre juventude, principalmente no âmbito das formulações, bem como algumas ações para o segmento. Esse reconhecimento se dá em detrimento do alto contingente demográfico da população juvenil nos últimos anos exposto ao cenário de vulnerabilidade social e à necessidade de inserção desses jovens num circuito de construção de uma vida melhor. Assim, tal cenário aparece na pesquisa sobre juventude, violência e vulnerabilidade social na América Latina, que percebeu três importantes dimensões:
· A crescente incapacidade do mercado de trabalho de absorver indivíduos pouco qualificados ou com pouca experiência, como é o caso dos jovens;
· As dificuldades enfrentadas pelos governos na América Latina em reformular sistemas educacionais para que acompanhem as mudanças da sociedade e incorporem as novas aptidões e habilidades requeridas;
· As tendências no quadro cultural contemporâneo, que por um lado estimulam a sexualidade precoce e, por outro, incentivam as resistências em educar e oferecer meios para evitar que tal atividade favoreça a gravidez não planejada e o contágio de doenças sexualmente transmissíveis (ABRAMOVAY, Miriam et alii. Juventude, violência e vulnerabilidade social na América Latina, UNESCO, BID, Brasília, 2002). Assim, o pensar sobre as condições de existência e vivência juvenil de forma ampla ­ e não apenas como transição para a vida adulta ­ remete a um olhar sobre a necessidade de deixar a escola, o fato de começar a trabalhar, sair da família de origem, ter filhos, bem como se relaciona com a cultura e o lazer numa fase propícia a vivências de diversão e entretenimento.
Fonte: Revista Teoria e Debate

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